quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Taxa Selic em 10% - Como isso Afeta Meus Investimentos?

Hoje foi anunciado que o Banco Central, através do COPOM (Comitê de Políticas Monetárias) elevou a taxa Selic para 10% ao ano.

Como essa nova alta pode afetar alguns investimentos disponíveis no mercado financeiro brasileiro?

Entre outras utilidades, a Selic é usada como referência da taxa de remuneração de investimentos em Renda Fixa, em outras palavras, para saber se um investimento em Renda Fixa é bom ou ruim, comparamos a rentabilidade mensal, bimestral, anual etc desse investimento com a rentabilidade da taxa Selic. 

Abaixo listo alguns investimentos e um índice e como a Selic pode afetar direta ou indiretamente a rentabilidade deles:

Inflação (IPCA) - O IPCA é o índice de inflação adotado pelo governo. Quando a taxa Selic é elevada, ela tem impacto não só nos investimentos, mas também nas dívidas. As instituições financeiras tem que pagar mais juros pelos investimentos devido à alta de juros, logo, quando ela empresta dinheiro a outras pessoas tem que cobrar mais juros pelos empréstimos feitos para manter a renda do banco no mesmo patamar anterior à alta da Selic.

Seguindo o raciocínio, como o dinheiro está mais "caro" (a taxa de juros de empréstimos que os bancos cobram aumenta) menos pessoas utilizam as alternativas de crédito, com menos dinheiro circulando na economia o volume de compras diminui e como temos menos pessoas comprando os preços também tendem a diminuir ou a não aumentar.

Inflação nada mais é do que o aumento dos preços, se a Selic sobe, a tendência é que a inflação se estabilize ou diminua em algum momento.

Fundos Imobiliários - Talvez o grande vilão de 2013, esse investimento é impactado negativamente e indiretamente pela alta da Selic.

Nos últimos anos tivemos muitos lançamentos de fundos imobiliários (FII). Talvez o grande atrativo desse tipo de investimento sejam os aluguéis mensais pagos pelos FIIs. Esses aluguéis são isentos de Imposto de Renda (IR). Os aluguéis dos últimos lançamentos ficaram na faixa de 8% a 10% ao ano. As cotas desses fundos sofrem variação diária na bolsa de valores, portanto, são considerados investimentos de alta volatilidade.

Novamente seguindo o raciocínio, porque os investidores comprariam FIIs com aluguéis de 9%, mesmo sendo isentos de IR, sendo que um investimento com baixo risco está pagando 10% (com o desconto do IR esse valor poderá variar de 7,75% e 8,5%)? Podemos ter uma diminuição no valor das cotas dos FIIs para torná-los mais atrativos e atrair novos investidores.

CDB - Talvez esse seja um dos investimentos que mais se beneficiará com a alta da Selic. A remuneração dos CDBs normalmente é vinculada à uma porcentagem do CDI, por sua vez, o CDI é uma taxa que deriva diretamente da Selic, se a Selic sobe o CDi sobe e o contrário também é válido.

Com a alta da Selic para 10% ao ano, quem possui um CDB terá automaticamente um aumento na remuneração de seu investimento.

Falei neste texto apenas sobre dois investimentos e um indicador que sofrem influência direta ou indiretamente da Selic, para outras considerações sobre outros investimentos, escrever para suascontasemdia@gmail.com

terça-feira, 29 de outubro de 2013

As Finanças de quem tem uma Renda Variável

Se você possui uma renda mensal/anual incerta, esse post é para você. Se você possui uma renda certa, mas pensa em abrir uma empresa ou virar autônomo esse post é para você. Se você possui uma renda certa, está confortável com essa situação, mas quer melhorar a forma de administrar seu orçamento esse post também é para você.

Empreender, abrir um negócio, trabalhar por conta própria ou simplesmente conseguir um dinheiro extra no fim do mês está cada vez mais acessível. Existem muitos materiais na internet e em livros ensinando como criar e manter diversas fontes de renda ou apenas uma fonte de renda (no caso de abrir uma empresa que consuma boa parte de seu tempo), mas temos um segundo passo que nem todos se preocupam que é o de administrar as finanças.

Entendam que ter uma renda incerta não necessariamente significa não ter renda, você pode ser sócio de uma empresa e receber, por exemplo, 20% do lucro líquido da mesma. Nos meses em que sua empresa vende mais seu ganho será mais alto, nos outros será mais baixo, mas sempre haverá uma renda se houver lucro.

Temos duas formas de lidar com essa renda variável e suas consequências positivas e negativas:

1. Utilizar a média dos ganhos passados no orçamento pessoal/familiar - quando optamos por usar essa forma de controle, calculamos uma média dos últimos 3, 6 ou 12 meses de ganhos. Ex: João ganhou em seu trabalho como vendedor R$1.000,00 em Janeiro, R$1.350,00 em Fevereiro e R$1050,00 em Março, a média mensal é de R$1.133,33. Para manter um orçamento equilibrado neste caso devemos manter as despesas abaixo ou, no mínimo, iguais a R$1.133,33.

A consequência positiva quando optamos por essa forma de controle é que nos meses em que a renda for maior que a média (no exemplo acima seria Março), a pessoa/família poderá ter um padrão de gastos variáveis acima do que costuma ter. Esses gastos seriam com roupas, lazer, e tudo o que no orçamento mais apertado não teria espaço. Atenção!! Os gastos variáveis podem aumentar nesses meses, não os gastos fixos. Ex: não é prudente usar os meses de ganhos extras para trocar o carro por um mais caro que trará gastos (IPVA, seguro, Combustível) proporcionalmente maiores para os outros meses.

Sem esquecer de poupar uma parte maior da renda para os meses menos favoráveis e/ou até mesmo antecipar alguns gastos para deixar os meses seguintes menos apertados, tais como: pagar alguns meses da academia, escola, faculdade, curso de inglês, parcela do carro, financiamento da casa etc.

A parte negativa quando optamos por essa forma de controle é que nos meses em que a renda for menor que a média (no exemplo acima seriam Janeiro e Fevereiro), corre-se o risco de não ter sobrado reservas dos meses mais fartos e como as despesas foram estruturadas para um valor acima, o profissional terá que recorrer a créditos caros para financias as contas do mês até voltar a ter uma melhor renda.


2. Utilizar o valor mínimo ganho nos últimos meses como base para o orçamento pessoal/familiar - quando optamos por usar essa forma de controle, levantamos os ganhos dos últimos 3, 6 ou 12 meses e separamos o menor valor como base para montar o orçamento. No exemplo do item 1, o mês com menos ganhos foi Janeiro, onde João recebeu R$1.000,00. Para manter um orçamento equilibrado devemos manter as despesas abaixo ou, no mínimo, iguais a R$1.000,00.

A consequência positiva quando optamos por essa forma de controle é que se a lógica continuar, nos meses seguintes o profissional terá um ganho acima desse valor mínimo e se conseguir manter suas despesas abaixo de R$1.000,00 ou empatadas, terá uma situação financeira bastante confortável e equilibrada com boas sobras de dinheiro, gastos constantes com lazer e qualidade de vida.

A parte negativa é que deve-se tomar cuidado para manter as despesas abaixo de R$1.000,00 (mesmo que a renda em alguns momentos esteja acima disso) e este valor ainda deverá ser suficiente para custear lazer e guardar dinheiro. Os gastos fixos deverão caber neste valor e os variáveis deverão ser feitos com os valores acima disso.

Qual dos dois é o melhor modelo?

Como sempre a resposta vai depender do seu caso e de sua família, mas procure manter o equilíbrio entre poupar e consumir e vá ajustando seu orçamento para o modelo que mais faça sentido para você(s).

Pensem nisso.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Como Sair das Dívidas

Você se identifica com alguma situação abaixo?

  • "Uso o limite (cheque especial) da minha conta constantemente e já não consigo mais deixar de gastar além do que ganho"
  • "Parcelei muitas compras recentemente no cartão de crédito e não consigo pagar o valor total da fatura"
  • "Tive uma emergência ou um gasto inesperado (acidente, presente de casamento etc) há alguns meses e depois disso só fecho o mês no vermelho" - Obs: Falo sobre como se proteger de gastos inesperados no texto Lidando com Imprevistos
Se você respondeu "sim" para pelo menos uma dessas perguntas, receio que você e/ou sua família se encontre(m) em estado de endividamento.

Tirando os casos em que os empréstimos/financiamentos são utilizados para adquirir um imóvel (para moradia ou investimento), se endividar não é saudável.

Os juros cobrados por operadoras de cartão de crédito podem chegar a 16,99% ao mês ou 557% ao ano, se compararmos com a atual taxa de juros para investimentos, a SELIC que está em 9,5% ao ano, os juros do cartão representam aproximadamente 59 vezes os juros dos investimentos. Exemplo: Investimento de R$1.000,00 estará valendo ao final de um ano R$1.095,00. Dívida de R$1.000,00 no cartão de crédito estará valendo ao final de um ano R$6.573,32. Impressionante a diferença não?

Identifiquei que estou endividado, o que fazer para sair dessa situação?
  1. Aceite que está endividado(a) e levante todos os débitos pendentes; 
  2. A segunda coisa a se fazer é ordenar as dívidas que foram contraídas da maior taxa de juros para a menor (note que a taxa é o critério essencial para ordenar esta lista e não o valor das parcelas);
  3. Negocie suas dívidas de forma que as parcelas negociadas caibam em seu orçamento mensal, se as parcelas não couberem em seu orçamento você irá se endividar mais para pagar as negociações, tornando sua situação financeira insustentável no longo prazo e suas dívidas cada vez mais crônicas;
  4. Procure pagar suas contas em dia (tanto as negociações de dívidas como as contas mensais regulares - água, luz, telefone etc), os juros e multas cobrados em caso de atraso costumam ser caros e esse tipo de despesa com taxas bancárias não traz nenhum benefício a sua finanças;
  5. Entenda o motivo de ter entrado nessa situação deficitária e evite a todo custo que isso aconteça novamente, suas saúdes financeira e mental agradecem!

Pensem nisso!

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Como Aplicar em Fundos de Investimento

Você investe em Fundos de Investimento? O que considerar na hora de analisar um fundo? E dou um passo atrás, você sabe o que é um Fundo de Investimento?

A definição mais simples e ao mesmo tempo mais adequada do que é um Fundo de Investimento é: "Reunião de investidores aplicando em conjunto com o mesmo objetivo." Sozinhos esses investidores não teriam condições de comprar os investimentos que o fundo compra, por isso devem se reunir com outros.

Uma analogia que pode ser usada é a de que um fundo de investimento tem a mesma dinâmica de um prédio. Cada morador do prédio paga um valor de condomínio, este valor é usado para cobrir todas as despesas do prédio desde a manutenção até o pessoal que trabalha no prédio. Um morador sozinho provavelmente não conseguiria bancar o valor total das despesas do prédio, mas como cada um contribui com uma parte essas despesas ficam viáveis.

Definido esse conceito, passo para a pergunta anterior: "O que considerar na hora de analisar um fundo?". Para facilitar e não deixar esse texto muito longo, vou analisar três tipos de fundos: Referenciados DI, Multimercados e Ações.

Referenciado DI - Fundos que devem investir, no mínimo, 95% de seus recursos em ativos que acompanham a evolução do CDI/Selic. Dois pontos para analisar:

  1. Taxa de administração - Esse tipo de fundo não tem muito trabalho na hora de definir onde investir, portanto, a taxa de administração tem que ser a menor possível para a rentabilidade do investidor ser maior. Taxa maior que 1% ao ano nesse tipo de fundo nem pensar, o ideal é que seja menor que 0,5% ao ano.
  2. Análise de rentabilidade - Embora rentabilidade passada não seja garantia de rentabilidade futura, é importante visualizar o histórico do fundo antes de investir. O ideal é que o fundo entregue, no mínimo, 95% CDI no curto prazo.
Multimercados - Fundos que podem adotar mais de uma estratégia de investimento. Como o próprio nome diz, pode investir em vários tipos de mercado: de ações, renda fixa, câmbio etc. A(s) estratégia(s) do fundo está(ão) definida(s) no regulamento. O principal ponto para analisar é:
  1. Análise de rentabilidade - Assim como nos fundos DIs, rentabilidade passada dos Multimercados não é garantia de rentabilidade futura, mas é essencial analisar como o gestor do fundo se comporta em momentos de crise(s) financeira(s) interna(s) e externa(s), se o fundo entrega resultados constantes ou se eles variam muito para cima e para baixo (volatilidade) e nos meses em que o fundo fica negativo, como é a reação do gestor, ele costuma recuperar as perdas com rapidez?
Ações - Fundos que devem investir, no mínimo, 67% de seus recursos em ações negociadas no mercado à vista (Bovespa). Três pontos para analisar:
  1. Análise de rentabilidade - Assim como nos fundos DIs, rentabilidade passada dos fundos de Ações não é garantia de rentabilidade futura, mas é essencial analisar como o gestor do fundo se comporta em momentos de crise na bolsa, o fundo faz proteção da carteira ou acompanha passivamente a variação do mercado de ações?
  2. O fundo investe em uma categoria de empresas? Essa categoria tem boas perspectivas para o longo prazo? Exemplo de categorias: Construção Civil, Consumo, Energia etc.
  3. Fuja de fundos que possuam o nome de apenas uma ação, eles compram e vendem apenas um papel e ainda cobram uma taxa de administração de você. O trabalho é mínimo e o custo para isso é alto. Exemplo: fundos que investem na Vale ou Petrobrás.

Observação importante: As rentabilidades de um fundo são divulgadas em um relatório chamado lâmina e as taxas de administração e performance (se houver) já estão descontadas na lâmina. O Imposto de Renda não está descontado na rentabilidade.

Abraços

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Poupar, Gastar e Viver

Quando você ouve falar sobre Planejamento Financeiro Pessoal (PFP), qual a primeira coisa que vem à sua cabeça? Se respondeu "cortar gastos" eu gostaria de ampliar sua visão com o texto abaixo.

1 - Pessoa de 30 anos, ganha bem, mora sozinho e se preocupa demais com sua aposentadoria. Guarda 50% do que ganha e quase não sai, tem poucos momentos de lazer, mas tudo bem, quando se aposentar vai aproveitar a vida.

2 - Pessoa de 30 anos, ganha bem, mora sozinho e não se preocupa com seu futuro. Não guarda nenhum centavo de seu salário, mas aproveita a vida como poucos. Tem muitos amigos e conhece lugares novos todos os anos. Quando se aposentar vai contar com a ajuda de amigos e parentes para pagar suas contas.

Na sua opinião, qual dos dois exemplos está certo?

Eu diria que os dois tem pontos positivos e pontos negativos, mas ambos tem uma falha: Desequilíbrio.

Quando fazemos um PFP devemos nos preocupar com tudo, desde separar recursos para investir, pagar as contas básicas e para os momentos de lazer. O segredo para a felicidade é o equilíbrio. Viver o hoje com qualidade e se preocupar sim com o futuro, mas sem exageros para nenhum lado. Não adianta chegar à aposentadoria com muitos recursos se não tiver com quem dividir e aproveitar essa fase, assim como não adianta também chegar à aposentadoria sem recursos e contar com pessoas que podem te ajudar, mas que não tem essa obrigação e podem te deixar a ver navios quando você mais precisar.

Pode parecer um pouco complicado chegar nesse equilíbrio, mas existem alguns passos que você pode seguir:

  1. Ter gastos básicos alguns degraus abaixo de seu salário;
  2. Parte do que sobrar você deve investir para atingir seus objetivos;
  3. Se você seguiu os 2 passos acima ainda terá uma sobra para gastar com coisas que aumentem sua felicidade. Você pode chamar de hobby, de sapatos, de games etc não importa como você chame, o importante é se sentir bem! 

Termino este texto com um fórmula de autoria de meus amigos da FP4Y:

C + V + P = QV (Consumir + Viver + Poupar = Qualidade de Vida)

Pensem nisso.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

O que são Debentures?

No texto Para que serve a poupança? eu escrevo sobre dois investimentos de renda fixa que superam a poupança no que diz respeito a rentabilidade, um deles é a debenture.

Debentures são títulos de dívidas de empresas privadas, os investidores emprestam dinheiro para essas empresas que devolvem esses recursos após um período definido acrescido de juros.

**Quando emprestamos dinheiro para os bancos eles emitem um CDB. Quando esse empréstimo é para o governo, compramos títulos no Tesouro Direto e quando o empréstimo é para uma empresa, ela emite uma Debenture**

Não entendi muito bem Lucas, me explica melhor? Claro, vamos lá, imagine que uma empresa de grande porte deseja pegar um empréstimo para financiar um projeto que lhe trará muitos benefícios. Ela consulta alguns bancos e descobre que a taxa de juros mínima que ela pagará é de 20% ao ano, o que essa empresa resolve fazer? Emitir algumas debentures e vendê-las no mercado financeiro pagando uma taxa de 12% ao ano para quem comprar, ou seja, paga menos para os investidores do que pagaria para o banco e capta os mesmo recursos que precisa para o projeto.

Diferente da poupança, as debentures não possuem garantia do FGC, a garantia que o investidor possui é a saúde financeira da empresa. Para facilitar a análise de quais empresas possuem melhor saúde foram criados os "ratings" ou classificação de crédito. Por possuírem maior risco, as debentures normalmente pagam juros maiores que os da poupança e títulos públicos.

Nesse tipo de investimento temos a cobrança do Imposto de Renda (IR) no momento do resgate, respeitando a tabela regressiva que vai de 22,5% para investimentos com prazo menor que 180 dias até 15% para investimentos com mais de 720 dias. Em 2011 foi criada a Lei 12.431/11 , ela determina que debentures emitidas com a finalidade de captar recursos para investir em projetos de infraestrutura estão isentas de IR.

Como investir em debentures? É necessário ter o cadastro em uma corretora de valores e investir através dela.

Qual a liquidez? As debentures tem data de vencimento e a liquidez antes dessa data é baixíssima. Mesmo que consiga vender o papel antes o investidor corre o risco de ter de volta menos do que investiu, já que a taxa acordada no momento da compra é válida somente para o vencimento.

Qual a rentabilidade média de uma debenture? Depende muito do "rating" da empresa, mas normalmente as taxas são compostas por uma porcentagem fixa que tem variado entre 4 e 7% ao ano mais o IPCA que é o índice de inflação oficial do governo. Ainda podemos ter taxas compostas por uma parte fixa mais o CDI.

Abraços

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Atingindo a Independência Financeira - Entendendo seu perfil de investidor

Para cada Objetivo listado anteriormente pode existir um ou mais tipos de investimentos para atingi-los. Não existe melhor ou pior investimento, existe o investimento mais adequado que vai depender de alguns fatores, entre eles:
  • Sua idade atual;
  • Prazo para atingir o objetivo;
  • Estado civil e/ou se possui filhos;
  • Apetite para riscos.
Um exemplo de investimento inadequado é uma pessoa de 80 anos que pretende comprar uma casa nos próximos 6 meses e que investe todo seu patrimônio em uma ação específica. Ela concentra todo o risco dela em uma empresa, não há diversificação entre setores diferentes. O investimento em ações pode variar muito em 6 meses, pode ser que essa pessoa tenha menos do que precisa para comprar a casa, como pode acontecer que ela tenha mais do que precisa também, mas o risco é muito alto e essa pessoa pode não ter o tempo necessário para esperar o investimento voltar ao valor ideal para a compra da casa.

Se usarmos o mesmo exemplo acima, mas mudarmos a idade da pessoa para 20 anos e sem prazo definido para a compra da casa o cenário muda totalmente. Essa pessoa estará muito mais disposta a investir em algo que possa dar maiores retornos como ações.

O que aconteceria se seus investimentos desvalorizassem 10% em um mês? Você teria sangue frio para esperar uma possível valorização deles? Você teria tempo para esperar essa valorização? É importante entendermos como nossas emoções influenciam nossos investimentos e as tomadas de decisão com relação a eles.

Como os filhos influenciam nossos investimentos? Um adulto de 25 anos sem filhos ou dependentes tem maior probabilidade de investir buscando maiores retornos e aceitando maiores riscos como consequência, já alguém da mesma idade, mas com filhos, tende a ser mais conservador, pois uma perda em seus investimentos pode significar perdas no padrão de vida de sua família caso o investimento seja parte da renda familiar.

A parte prática desse post fica por conta das dicas a seguir:
  • Quanto menor o prazo para o objetivo ser atingido, menor deverá ser a exposição a investimentos com alta variação de valor como ações, fundos multimercado, de inflação e de câmbio;
  • Se o prazo for menor que 6 meses, dê preferência para investimentos isentos de Imposto de Renda;
  • Caso os objetivos tenham prazos semelhantes para serem atingidos, utilize o mesmo investimento, isso facilitará seu acompanhamento;
  • Não se esqueça de formar antes de mais nada uma reserva de emergência como foi citado no post anterior;
Abraços

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Atingindo a Independência Financeira - Lidando com Imprevistos

O caminho para a independência financeira passa obrigatoriamente pela acumulação de recursos, mas nem todos se preocupam com a proteção contra imprevistos.

Mas Lucas, hoje eu quase fui atropelado por um ônibus, bati com a cabeça em um poste, tropecei e quebrei um dente, engasguei no almoço e bati o dedo do pé na quina cama, como eu ia prever tudo isso?

Primeiro que você é a pessoa mais azarada do mundo. Segundo, realmente não temos como prever todos os acontecimentos, mas temos como nos proteger deles e de suas consequências financeiras, e é sobre isso que eu vou tratar no texto de hoje.

Talvez o instrumento mais conhecido para proteção seja o seguro. Existem algumas modalidades, entre elas: vida, carro, casa, fiança etc. Como funcionam os seguros?

Pagamos um valor mensal ou anual (chamado prêmio) para uma seguradora e esta se compromete através de um contrato e nos ressarcir em caso de prejuízo/perda/sinistro do bem segurado. Os prêmios costumam ter um valor menor que o bem, ou seja, pagamos menos à seguradora e ela, através de cálculos de probabilidades, assume o risco de nossa perda.

Caso você não venha a utilizar o seguro para nada ótimo!! Como é dito popularmente: "seguro bom é seguro que a gente não usa", mas caso aconteça alguma coisa nós ou nossos dependentes estarão protegidos das perdas financeiras. Tente lembrar de pessoas que você conhece que tiveram seus carros roubados e não tinham seguro, ou que eram a principal fonte de renda da casa e faleceram deixando a família em uma situação financeiramente complicada, a proteção de seus bens é um ponto essencial em qualquer planejamento financeiro.

Quem deveria ter um seguro? Todo mundo!!! Lucas, sou solteiro, não tenho filhos, meus pais não dependem de mim para nada, preciso de um seguro de vida? De vida talvez não, mas um seguro que cubra invalidez ou acidentes pessoais sim. Seu risco não é a de sofrer um acidente e falecer, mas de sofrer um acidente, ficar vivo e inválido e seus pais terem que arcar com os custos de seu tratamento e não terem recursos suficientes para isso.

Outro instrumento bastante interessante na proteção contra imprevistos não é um produto, mas algo que podemos e devemos formar ao longo da vida, é a Reserva para Emergências ou Colchão Financeiro. O que é isso? São recursos acumulados em alguma aplicação com baixo risco e alta liquidez (liquidez = facilidade do investimento virar dinheiro) que servirão para nos dar apoio caso tenhamos alguma emergência financeira, de saúde etc.

São utilizados normalmente CDBs, Cadernetas de Poupança, Fundos Renda Fixa e Títulos Públicos para acumular esses recursos. Os valores acumulados nesses investimentos poderão estar entre 3 e 12 meses dos gastos mensais familiares ou pessoais. Notem que escrevi gastos e não da renda familiar, vocês podem ganhar R$10.000,00 e gastar R$7.000,00, os R$3.000,00 que sobram não precisam de proteção, esse é o excedente que formará sua Independência Financeira.

Porque de 3 a 12 meses dos gastos? Esse número representa basicamente quantos meses precisaríamos para restabelecer nossa renda em caso de desemprego ou corte repentino da renda e não comprometeríamos nosso padrão de vida e o de nossa família.

Essas são as principais formas de se proteger contra imprevistos. Espero que estejam gostando da série sobre Independência Financeira e semana que vem tem mais!!

Abraços

*Atualizado em 04/10/2013. Mauro Halfeld, comentarista de finanças pessoais da CBN falou brilhantemente sobre a importância de seguros de vida essa semana, vale a pena ouvir o comentário dele clicando neste link.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Atingindo a Independência Financeira - Mantendo a estratégia ou Resistindo ao consumo

No texto passado vimos como definir, por prazos e valores em nossos Objetivos, hoje vou escrever sobre como resistir aos apelos de consumo para manter nossa estratégia de investimentos.

Não é novidade que os departamentos de marketing das empresas estão cada vez mais eficientes e criativos, eles criam demandas e acompanham tendências com uma eficiência impressionante. Nosso foco aqui são seus objetivos pessoais e financeiros, então como "protegê-los" dos apelos de consumo?

Se você já definiu seus objetivos, sonhou, fez contas e estabeleceu um prazo você tem uma meta clara para ser cumprida, é nela(s) que vamos pensar sempre que aparecer um produto ou serviço que nos atrai, mas que talvez não precisemos.

A cada vez que adquirimos uma calça nova, jogo de videogame, maquiagem, jantamos em um restaurante caro demais ou até mesmo compramos um carro acima do que podemos manter estamos nos afastando de nossos objetivos. Um exemplo vai ajudar a ilustrar melhor essa parte:

Imagine que um de seus objetivos mais importantes seja viajar daqui 15 meses (Dezembro/2014) e passar o Natal e Virada de Ano (uma semana) fora do país. Digamos que o custo mínimo dessa viagem seja de R$7.000,00 (hotel sem luxo, passagem, passeios e compras econômicos), para atingir esse valor você deveria guardar R$450,55 por mês na poupança. Até a data da viagem muita coisa pode acontecer, inclusive imprevistos que serão tratados em um próximo texto, mas digamos que os imprevistos não impactem seu orçamento e tudo corra bem até 6 meses antes da viagem. Em Junho/2014 você compra roupas demais ou troca o som de seu carro e gasta R$200,00 a mais por 3 meses, o que acontecerá com a sua viagem? Você pode tirar esses R$200,00 de outro objetivo ou tirar da viagem, se tirar da viagem, você terá em Dezembro/2014 R$6.384,84.

No texto passado eu escrevi que quando vemos que os objetivos não serão atingidos no prazo desejado por falta de recursos ou de taxa de juros podemos alongar o prazo, nesse caso alongar o prazo seria esperar mais 12 meses, já que o objetivo era passar o Natal e Virada do Ano fora do país. Percebem como uma decisão tomada por impulso pode nos frustrar?

Não estou dizendo que os produtos e serviços não devem ser adquiridos, eles vão ser sim comprados, mas isso deveria acontecer com o dinheiro que sobrar após você separar o necessário para seus objetivos (investimentos) e despesas essenciais do mês (gastos fixos), mantendo assim seu padrão de vida dentro do que você ganha e evitando dívidas.

Espero que estejam gostando dos textos.

Abraços

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Atingindo a Independência Financeira - Objetivos

O primeiro e talvez mais importante passo para darmos início à Independência Financeira (IF) é a Definição de Objetivos.

Recomendo que este post seja lido e posto em prática logo em seguida ou enquanto faz a leitura.

Essa é uma etapa extremamente pessoal em que você ou o casal, caso a decisão seja tomada por você e seu parceiro(a), devem se permitir sonhar, colocar tudo o que já desejaram no papel, sem filtros. Sonhem, pensem, combinem, concordem, discordem, mas iniciem por essa etapa. É nela onde vocês buscarão forças para seguir em frente com os planos sempre que uma "oportunidade de consumo" (gasto desnecessário) aparecer.

Pronto? Já fizeram a lista? Todos os sonhos, mesmo os que parecem irreais, estão no papel? Ótimo, próxima etapa.

Definir o custo de cada um desses objetivos.

Notem que a palavra mudou de sonhos para objetivos. Por quê? Sonhos são coisas inatingíveis, irreais. Objetivos tem data para acontecerem, meios de serem atingidos, são trabalhados, pensados e viabilizados através de planejamento.

Seus objetivos tem um preço certo? Quanto custam? São preços em reais, em dólares, em outra moeda? Definam o valor a ser atingido e não se esqueçam de definir o valor da Independência Financeira.

Como calcular este valor? Peguem como referência seus gastos mensais e dividam por 0,5% que é o rendimento de uma aplicação conservadora já descontado o Imposto de Renda ou dividam por 0,25% se quiserem considerar nessa conta a inflação também. O valor da IF pode assustar em um primeiro momento, mas não se preocupem com isso agora, o importante é chegar aos valores necessários para atingirem todos os objetivos.

Definidos os custos, vamos para a etapa mais difícil que é definir os prazos para atingir esses objetivos. Novamente esse é um exercício bastante pessoal ou para o casal, as datas são importantíssimas para projetarmos quanto guardar por mês/ano e onde guardar também.

Agora, qual o custo mensal para atingir meus objetivos? Para simplificar as contas, baixem essa planilha no site Mais Dinheiro do Gustavo Cerbasi, o nome do arquivo é "Simulação de Poupança".

Caso cheguem a conclusão que os objetivos, a princípio, não cabem no bolso, vocês podem fazer duas coisas:

  1. Aumentar o prazo para atingir os objetivos;
  2. Diminuir o valor dos objetivos;

Percebem como estamos avançando? Definimos nossos sonhos que evoluíram para objetivos, estes agora tem prazos e recursos necessários bem definidos.

E agora? Bom, como o texto está ficando bem longo, vou deixar as próximas partes para outros posts.

Abraços

Atingindo a Independência Financeira - Parte 1

Vamos começar pelo básico: O que é Independência Financeira?

Para mim IF é você poder optar por não trabalhar e manter com dignidade o mesmo padrão de vida que levava antes de atingir esse patamar. Ou ainda poder fazer como profissão o que te dá prazer (como um hobby) sem esperar um retorno financeiro.

Ok, entendi o que é IF, pesquisei sobre ela, me interessei e quero chegar nesse ponto, como faço?

Guarde parte do que ganha e invista a diferença com objetivos claros e definidos, mantenha sua estratégia e se prepare financeiramente para lidar com imprevistos, se atualize em sua profissão e estude seus investimentos regularmente. Aaaah!! Só isso Lucas? Não quer que eu tenha múltiplas fontes de renda também? Olha, se você puder faça isso também.

Começa agora mais uma série de posts do blog Suas Contas em Dia, a primeira desde a minha volta aos textos.

Espero que ao final dela vocês estejam mais preparados e conscientes para perseguir sua Independência Financeira.

Abraços e aguardem novos textos em muito breve.


terça-feira, 20 de agosto de 2013

Para que serve a poupança?

Em 14 de abril de 2010 eu escrevi O Risco de Ficar Rico. No final desse texto eu fiz uma simulação com base na rentabilidade da poupança e uma inflação fictícia e hoje, mais de 3 anos depois eu me deparo com a seguinte notícia no portal Infomoney Captação da poupança atinge R$2,7 bilhões até o dia 14.

Há 3 anos a realidade era que os investimentos em poupança mal serviriam para corrigir a inflação e hoje a situação não está muito diferente.

A inflação (IPCA) dos últimos 12 meses está acumulada em 6,27% e a rentabilidade da poupança para o mesmo período foi de 5,31%, ou seja, a poupança não tem sido eficiente para manter o poder de compra de quem investiu nela.

Se a poupança não corrige nem a inflação, para que serve a sofrida poupança então? E o que fazer com os R$2,7 bilhões que foram investidos nela até o dia 14 deste mês?

Quando falamos de planejamento financeiro até mesmo a poupança tem o seu espaço. Se estamos falando em guardar dinheiro para um gasto que ocorrerá em menos de 6 meses ou é um gasto recorrente (ocorre toda semana, mês etc), ela é um investimento válido, pois o Imposto de Renda (IR) em outros investimentos para o mesmo período de 6 meses, normalmente é de 22,5% sobre os rendimentos, o que torna inviável fazer outra aplicação.

Poupança = boa liquidez, isenção de IR e garantia de R$250.000,00 em caso de quebra do banco.

Para aqueles que querem se proteger melhor da inflação, existem boas alternativas no mercado a valores acessíveis a todos os bolsos.

O site do Tesouro Direto possui uma lista com alguns papéis que rendem inflação (IPCA) mais um percentual fixo por ano, são as NTN-B. Com uma dinâmica parecida, mas com um pouco mais de risco e de rentabilidade temos também um investimento chamado debenture, vou detalhar esses investimentos em próximos posts.

Pensem nisso.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Recomeço.

Depois de um longo período de quase 3 anos sem escrever para o blog, volto um pouco mais para as minhas origens do planejamento financeiro e retomo o projeto de escrever sobre finanças pessoais com certa regularidade.

A ideia inicial é voltar a publicar textos de minha autoria semanalmente (ainda não defini o dia da semana) e com certa frequência ainda divulgar textos/matérias de outros sites que eu julgar interessante também.

Espero com isso que eu possa agregar valor/conhecimento a todos que passarem por aqui para dar uma lida no Suas Contas em Dia.

Vou atualizar também alguns textos, republicá-los com base nas novas taxas de juros da economia brasileira.

Por enquanto é isso pessoal e aguardem novidades em breve.

Grande Abraço!!