quinta-feira, 26 de setembro de 2013

O que são Debentures?

No texto Para que serve a poupança? eu escrevo sobre dois investimentos de renda fixa que superam a poupança no que diz respeito a rentabilidade, um deles é a debenture.

Debentures são títulos de dívidas de empresas privadas, os investidores emprestam dinheiro para essas empresas que devolvem esses recursos após um período definido acrescido de juros.

**Quando emprestamos dinheiro para os bancos eles emitem um CDB. Quando esse empréstimo é para o governo, compramos títulos no Tesouro Direto e quando o empréstimo é para uma empresa, ela emite uma Debenture**

Não entendi muito bem Lucas, me explica melhor? Claro, vamos lá, imagine que uma empresa de grande porte deseja pegar um empréstimo para financiar um projeto que lhe trará muitos benefícios. Ela consulta alguns bancos e descobre que a taxa de juros mínima que ela pagará é de 20% ao ano, o que essa empresa resolve fazer? Emitir algumas debentures e vendê-las no mercado financeiro pagando uma taxa de 12% ao ano para quem comprar, ou seja, paga menos para os investidores do que pagaria para o banco e capta os mesmo recursos que precisa para o projeto.

Diferente da poupança, as debentures não possuem garantia do FGC, a garantia que o investidor possui é a saúde financeira da empresa. Para facilitar a análise de quais empresas possuem melhor saúde foram criados os "ratings" ou classificação de crédito. Por possuírem maior risco, as debentures normalmente pagam juros maiores que os da poupança e títulos públicos.

Nesse tipo de investimento temos a cobrança do Imposto de Renda (IR) no momento do resgate, respeitando a tabela regressiva que vai de 22,5% para investimentos com prazo menor que 180 dias até 15% para investimentos com mais de 720 dias. Em 2011 foi criada a Lei 12.431/11 , ela determina que debentures emitidas com a finalidade de captar recursos para investir em projetos de infraestrutura estão isentas de IR.

Como investir em debentures? É necessário ter o cadastro em uma corretora de valores e investir através dela.

Qual a liquidez? As debentures tem data de vencimento e a liquidez antes dessa data é baixíssima. Mesmo que consiga vender o papel antes o investidor corre o risco de ter de volta menos do que investiu, já que a taxa acordada no momento da compra é válida somente para o vencimento.

Qual a rentabilidade média de uma debenture? Depende muito do "rating" da empresa, mas normalmente as taxas são compostas por uma porcentagem fixa que tem variado entre 4 e 7% ao ano mais o IPCA que é o índice de inflação oficial do governo. Ainda podemos ter taxas compostas por uma parte fixa mais o CDI.

Abraços

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Atingindo a Independência Financeira - Entendendo seu perfil de investidor

Para cada Objetivo listado anteriormente pode existir um ou mais tipos de investimentos para atingi-los. Não existe melhor ou pior investimento, existe o investimento mais adequado que vai depender de alguns fatores, entre eles:
  • Sua idade atual;
  • Prazo para atingir o objetivo;
  • Estado civil e/ou se possui filhos;
  • Apetite para riscos.
Um exemplo de investimento inadequado é uma pessoa de 80 anos que pretende comprar uma casa nos próximos 6 meses e que investe todo seu patrimônio em uma ação específica. Ela concentra todo o risco dela em uma empresa, não há diversificação entre setores diferentes. O investimento em ações pode variar muito em 6 meses, pode ser que essa pessoa tenha menos do que precisa para comprar a casa, como pode acontecer que ela tenha mais do que precisa também, mas o risco é muito alto e essa pessoa pode não ter o tempo necessário para esperar o investimento voltar ao valor ideal para a compra da casa.

Se usarmos o mesmo exemplo acima, mas mudarmos a idade da pessoa para 20 anos e sem prazo definido para a compra da casa o cenário muda totalmente. Essa pessoa estará muito mais disposta a investir em algo que possa dar maiores retornos como ações.

O que aconteceria se seus investimentos desvalorizassem 10% em um mês? Você teria sangue frio para esperar uma possível valorização deles? Você teria tempo para esperar essa valorização? É importante entendermos como nossas emoções influenciam nossos investimentos e as tomadas de decisão com relação a eles.

Como os filhos influenciam nossos investimentos? Um adulto de 25 anos sem filhos ou dependentes tem maior probabilidade de investir buscando maiores retornos e aceitando maiores riscos como consequência, já alguém da mesma idade, mas com filhos, tende a ser mais conservador, pois uma perda em seus investimentos pode significar perdas no padrão de vida de sua família caso o investimento seja parte da renda familiar.

A parte prática desse post fica por conta das dicas a seguir:
  • Quanto menor o prazo para o objetivo ser atingido, menor deverá ser a exposição a investimentos com alta variação de valor como ações, fundos multimercado, de inflação e de câmbio;
  • Se o prazo for menor que 6 meses, dê preferência para investimentos isentos de Imposto de Renda;
  • Caso os objetivos tenham prazos semelhantes para serem atingidos, utilize o mesmo investimento, isso facilitará seu acompanhamento;
  • Não se esqueça de formar antes de mais nada uma reserva de emergência como foi citado no post anterior;
Abraços

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Atingindo a Independência Financeira - Lidando com Imprevistos

O caminho para a independência financeira passa obrigatoriamente pela acumulação de recursos, mas nem todos se preocupam com a proteção contra imprevistos.

Mas Lucas, hoje eu quase fui atropelado por um ônibus, bati com a cabeça em um poste, tropecei e quebrei um dente, engasguei no almoço e bati o dedo do pé na quina cama, como eu ia prever tudo isso?

Primeiro que você é a pessoa mais azarada do mundo. Segundo, realmente não temos como prever todos os acontecimentos, mas temos como nos proteger deles e de suas consequências financeiras, e é sobre isso que eu vou tratar no texto de hoje.

Talvez o instrumento mais conhecido para proteção seja o seguro. Existem algumas modalidades, entre elas: vida, carro, casa, fiança etc. Como funcionam os seguros?

Pagamos um valor mensal ou anual (chamado prêmio) para uma seguradora e esta se compromete através de um contrato e nos ressarcir em caso de prejuízo/perda/sinistro do bem segurado. Os prêmios costumam ter um valor menor que o bem, ou seja, pagamos menos à seguradora e ela, através de cálculos de probabilidades, assume o risco de nossa perda.

Caso você não venha a utilizar o seguro para nada ótimo!! Como é dito popularmente: "seguro bom é seguro que a gente não usa", mas caso aconteça alguma coisa nós ou nossos dependentes estarão protegidos das perdas financeiras. Tente lembrar de pessoas que você conhece que tiveram seus carros roubados e não tinham seguro, ou que eram a principal fonte de renda da casa e faleceram deixando a família em uma situação financeiramente complicada, a proteção de seus bens é um ponto essencial em qualquer planejamento financeiro.

Quem deveria ter um seguro? Todo mundo!!! Lucas, sou solteiro, não tenho filhos, meus pais não dependem de mim para nada, preciso de um seguro de vida? De vida talvez não, mas um seguro que cubra invalidez ou acidentes pessoais sim. Seu risco não é a de sofrer um acidente e falecer, mas de sofrer um acidente, ficar vivo e inválido e seus pais terem que arcar com os custos de seu tratamento e não terem recursos suficientes para isso.

Outro instrumento bastante interessante na proteção contra imprevistos não é um produto, mas algo que podemos e devemos formar ao longo da vida, é a Reserva para Emergências ou Colchão Financeiro. O que é isso? São recursos acumulados em alguma aplicação com baixo risco e alta liquidez (liquidez = facilidade do investimento virar dinheiro) que servirão para nos dar apoio caso tenhamos alguma emergência financeira, de saúde etc.

São utilizados normalmente CDBs, Cadernetas de Poupança, Fundos Renda Fixa e Títulos Públicos para acumular esses recursos. Os valores acumulados nesses investimentos poderão estar entre 3 e 12 meses dos gastos mensais familiares ou pessoais. Notem que escrevi gastos e não da renda familiar, vocês podem ganhar R$10.000,00 e gastar R$7.000,00, os R$3.000,00 que sobram não precisam de proteção, esse é o excedente que formará sua Independência Financeira.

Porque de 3 a 12 meses dos gastos? Esse número representa basicamente quantos meses precisaríamos para restabelecer nossa renda em caso de desemprego ou corte repentino da renda e não comprometeríamos nosso padrão de vida e o de nossa família.

Essas são as principais formas de se proteger contra imprevistos. Espero que estejam gostando da série sobre Independência Financeira e semana que vem tem mais!!

Abraços

*Atualizado em 04/10/2013. Mauro Halfeld, comentarista de finanças pessoais da CBN falou brilhantemente sobre a importância de seguros de vida essa semana, vale a pena ouvir o comentário dele clicando neste link.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Atingindo a Independência Financeira - Mantendo a estratégia ou Resistindo ao consumo

No texto passado vimos como definir, por prazos e valores em nossos Objetivos, hoje vou escrever sobre como resistir aos apelos de consumo para manter nossa estratégia de investimentos.

Não é novidade que os departamentos de marketing das empresas estão cada vez mais eficientes e criativos, eles criam demandas e acompanham tendências com uma eficiência impressionante. Nosso foco aqui são seus objetivos pessoais e financeiros, então como "protegê-los" dos apelos de consumo?

Se você já definiu seus objetivos, sonhou, fez contas e estabeleceu um prazo você tem uma meta clara para ser cumprida, é nela(s) que vamos pensar sempre que aparecer um produto ou serviço que nos atrai, mas que talvez não precisemos.

A cada vez que adquirimos uma calça nova, jogo de videogame, maquiagem, jantamos em um restaurante caro demais ou até mesmo compramos um carro acima do que podemos manter estamos nos afastando de nossos objetivos. Um exemplo vai ajudar a ilustrar melhor essa parte:

Imagine que um de seus objetivos mais importantes seja viajar daqui 15 meses (Dezembro/2014) e passar o Natal e Virada de Ano (uma semana) fora do país. Digamos que o custo mínimo dessa viagem seja de R$7.000,00 (hotel sem luxo, passagem, passeios e compras econômicos), para atingir esse valor você deveria guardar R$450,55 por mês na poupança. Até a data da viagem muita coisa pode acontecer, inclusive imprevistos que serão tratados em um próximo texto, mas digamos que os imprevistos não impactem seu orçamento e tudo corra bem até 6 meses antes da viagem. Em Junho/2014 você compra roupas demais ou troca o som de seu carro e gasta R$200,00 a mais por 3 meses, o que acontecerá com a sua viagem? Você pode tirar esses R$200,00 de outro objetivo ou tirar da viagem, se tirar da viagem, você terá em Dezembro/2014 R$6.384,84.

No texto passado eu escrevi que quando vemos que os objetivos não serão atingidos no prazo desejado por falta de recursos ou de taxa de juros podemos alongar o prazo, nesse caso alongar o prazo seria esperar mais 12 meses, já que o objetivo era passar o Natal e Virada do Ano fora do país. Percebem como uma decisão tomada por impulso pode nos frustrar?

Não estou dizendo que os produtos e serviços não devem ser adquiridos, eles vão ser sim comprados, mas isso deveria acontecer com o dinheiro que sobrar após você separar o necessário para seus objetivos (investimentos) e despesas essenciais do mês (gastos fixos), mantendo assim seu padrão de vida dentro do que você ganha e evitando dívidas.

Espero que estejam gostando dos textos.

Abraços