terça-feira, 29 de outubro de 2013

As Finanças de quem tem uma Renda Variável

Se você possui uma renda mensal/anual incerta, esse post é para você. Se você possui uma renda certa, mas pensa em abrir uma empresa ou virar autônomo esse post é para você. Se você possui uma renda certa, está confortável com essa situação, mas quer melhorar a forma de administrar seu orçamento esse post também é para você.

Empreender, abrir um negócio, trabalhar por conta própria ou simplesmente conseguir um dinheiro extra no fim do mês está cada vez mais acessível. Existem muitos materiais na internet e em livros ensinando como criar e manter diversas fontes de renda ou apenas uma fonte de renda (no caso de abrir uma empresa que consuma boa parte de seu tempo), mas temos um segundo passo que nem todos se preocupam que é o de administrar as finanças.

Entendam que ter uma renda incerta não necessariamente significa não ter renda, você pode ser sócio de uma empresa e receber, por exemplo, 20% do lucro líquido da mesma. Nos meses em que sua empresa vende mais seu ganho será mais alto, nos outros será mais baixo, mas sempre haverá uma renda se houver lucro.

Temos duas formas de lidar com essa renda variável e suas consequências positivas e negativas:

1. Utilizar a média dos ganhos passados no orçamento pessoal/familiar - quando optamos por usar essa forma de controle, calculamos uma média dos últimos 3, 6 ou 12 meses de ganhos. Ex: João ganhou em seu trabalho como vendedor R$1.000,00 em Janeiro, R$1.350,00 em Fevereiro e R$1050,00 em Março, a média mensal é de R$1.133,33. Para manter um orçamento equilibrado neste caso devemos manter as despesas abaixo ou, no mínimo, iguais a R$1.133,33.

A consequência positiva quando optamos por essa forma de controle é que nos meses em que a renda for maior que a média (no exemplo acima seria Março), a pessoa/família poderá ter um padrão de gastos variáveis acima do que costuma ter. Esses gastos seriam com roupas, lazer, e tudo o que no orçamento mais apertado não teria espaço. Atenção!! Os gastos variáveis podem aumentar nesses meses, não os gastos fixos. Ex: não é prudente usar os meses de ganhos extras para trocar o carro por um mais caro que trará gastos (IPVA, seguro, Combustível) proporcionalmente maiores para os outros meses.

Sem esquecer de poupar uma parte maior da renda para os meses menos favoráveis e/ou até mesmo antecipar alguns gastos para deixar os meses seguintes menos apertados, tais como: pagar alguns meses da academia, escola, faculdade, curso de inglês, parcela do carro, financiamento da casa etc.

A parte negativa quando optamos por essa forma de controle é que nos meses em que a renda for menor que a média (no exemplo acima seriam Janeiro e Fevereiro), corre-se o risco de não ter sobrado reservas dos meses mais fartos e como as despesas foram estruturadas para um valor acima, o profissional terá que recorrer a créditos caros para financias as contas do mês até voltar a ter uma melhor renda.


2. Utilizar o valor mínimo ganho nos últimos meses como base para o orçamento pessoal/familiar - quando optamos por usar essa forma de controle, levantamos os ganhos dos últimos 3, 6 ou 12 meses e separamos o menor valor como base para montar o orçamento. No exemplo do item 1, o mês com menos ganhos foi Janeiro, onde João recebeu R$1.000,00. Para manter um orçamento equilibrado devemos manter as despesas abaixo ou, no mínimo, iguais a R$1.000,00.

A consequência positiva quando optamos por essa forma de controle é que se a lógica continuar, nos meses seguintes o profissional terá um ganho acima desse valor mínimo e se conseguir manter suas despesas abaixo de R$1.000,00 ou empatadas, terá uma situação financeira bastante confortável e equilibrada com boas sobras de dinheiro, gastos constantes com lazer e qualidade de vida.

A parte negativa é que deve-se tomar cuidado para manter as despesas abaixo de R$1.000,00 (mesmo que a renda em alguns momentos esteja acima disso) e este valor ainda deverá ser suficiente para custear lazer e guardar dinheiro. Os gastos fixos deverão caber neste valor e os variáveis deverão ser feitos com os valores acima disso.

Qual dos dois é o melhor modelo?

Como sempre a resposta vai depender do seu caso e de sua família, mas procure manter o equilíbrio entre poupar e consumir e vá ajustando seu orçamento para o modelo que mais faça sentido para você(s).

Pensem nisso.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Como Sair das Dívidas

Você se identifica com alguma situação abaixo?

  • "Uso o limite (cheque especial) da minha conta constantemente e já não consigo mais deixar de gastar além do que ganho"
  • "Parcelei muitas compras recentemente no cartão de crédito e não consigo pagar o valor total da fatura"
  • "Tive uma emergência ou um gasto inesperado (acidente, presente de casamento etc) há alguns meses e depois disso só fecho o mês no vermelho" - Obs: Falo sobre como se proteger de gastos inesperados no texto Lidando com Imprevistos
Se você respondeu "sim" para pelo menos uma dessas perguntas, receio que você e/ou sua família se encontre(m) em estado de endividamento.

Tirando os casos em que os empréstimos/financiamentos são utilizados para adquirir um imóvel (para moradia ou investimento), se endividar não é saudável.

Os juros cobrados por operadoras de cartão de crédito podem chegar a 16,99% ao mês ou 557% ao ano, se compararmos com a atual taxa de juros para investimentos, a SELIC que está em 9,5% ao ano, os juros do cartão representam aproximadamente 59 vezes os juros dos investimentos. Exemplo: Investimento de R$1.000,00 estará valendo ao final de um ano R$1.095,00. Dívida de R$1.000,00 no cartão de crédito estará valendo ao final de um ano R$6.573,32. Impressionante a diferença não?

Identifiquei que estou endividado, o que fazer para sair dessa situação?
  1. Aceite que está endividado(a) e levante todos os débitos pendentes; 
  2. A segunda coisa a se fazer é ordenar as dívidas que foram contraídas da maior taxa de juros para a menor (note que a taxa é o critério essencial para ordenar esta lista e não o valor das parcelas);
  3. Negocie suas dívidas de forma que as parcelas negociadas caibam em seu orçamento mensal, se as parcelas não couberem em seu orçamento você irá se endividar mais para pagar as negociações, tornando sua situação financeira insustentável no longo prazo e suas dívidas cada vez mais crônicas;
  4. Procure pagar suas contas em dia (tanto as negociações de dívidas como as contas mensais regulares - água, luz, telefone etc), os juros e multas cobrados em caso de atraso costumam ser caros e esse tipo de despesa com taxas bancárias não traz nenhum benefício a sua finanças;
  5. Entenda o motivo de ter entrado nessa situação deficitária e evite a todo custo que isso aconteça novamente, suas saúdes financeira e mental agradecem!

Pensem nisso!

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Como Aplicar em Fundos de Investimento

Você investe em Fundos de Investimento? O que considerar na hora de analisar um fundo? E dou um passo atrás, você sabe o que é um Fundo de Investimento?

A definição mais simples e ao mesmo tempo mais adequada do que é um Fundo de Investimento é: "Reunião de investidores aplicando em conjunto com o mesmo objetivo." Sozinhos esses investidores não teriam condições de comprar os investimentos que o fundo compra, por isso devem se reunir com outros.

Uma analogia que pode ser usada é a de que um fundo de investimento tem a mesma dinâmica de um prédio. Cada morador do prédio paga um valor de condomínio, este valor é usado para cobrir todas as despesas do prédio desde a manutenção até o pessoal que trabalha no prédio. Um morador sozinho provavelmente não conseguiria bancar o valor total das despesas do prédio, mas como cada um contribui com uma parte essas despesas ficam viáveis.

Definido esse conceito, passo para a pergunta anterior: "O que considerar na hora de analisar um fundo?". Para facilitar e não deixar esse texto muito longo, vou analisar três tipos de fundos: Referenciados DI, Multimercados e Ações.

Referenciado DI - Fundos que devem investir, no mínimo, 95% de seus recursos em ativos que acompanham a evolução do CDI/Selic. Dois pontos para analisar:

  1. Taxa de administração - Esse tipo de fundo não tem muito trabalho na hora de definir onde investir, portanto, a taxa de administração tem que ser a menor possível para a rentabilidade do investidor ser maior. Taxa maior que 1% ao ano nesse tipo de fundo nem pensar, o ideal é que seja menor que 0,5% ao ano.
  2. Análise de rentabilidade - Embora rentabilidade passada não seja garantia de rentabilidade futura, é importante visualizar o histórico do fundo antes de investir. O ideal é que o fundo entregue, no mínimo, 95% CDI no curto prazo.
Multimercados - Fundos que podem adotar mais de uma estratégia de investimento. Como o próprio nome diz, pode investir em vários tipos de mercado: de ações, renda fixa, câmbio etc. A(s) estratégia(s) do fundo está(ão) definida(s) no regulamento. O principal ponto para analisar é:
  1. Análise de rentabilidade - Assim como nos fundos DIs, rentabilidade passada dos Multimercados não é garantia de rentabilidade futura, mas é essencial analisar como o gestor do fundo se comporta em momentos de crise(s) financeira(s) interna(s) e externa(s), se o fundo entrega resultados constantes ou se eles variam muito para cima e para baixo (volatilidade) e nos meses em que o fundo fica negativo, como é a reação do gestor, ele costuma recuperar as perdas com rapidez?
Ações - Fundos que devem investir, no mínimo, 67% de seus recursos em ações negociadas no mercado à vista (Bovespa). Três pontos para analisar:
  1. Análise de rentabilidade - Assim como nos fundos DIs, rentabilidade passada dos fundos de Ações não é garantia de rentabilidade futura, mas é essencial analisar como o gestor do fundo se comporta em momentos de crise na bolsa, o fundo faz proteção da carteira ou acompanha passivamente a variação do mercado de ações?
  2. O fundo investe em uma categoria de empresas? Essa categoria tem boas perspectivas para o longo prazo? Exemplo de categorias: Construção Civil, Consumo, Energia etc.
  3. Fuja de fundos que possuam o nome de apenas uma ação, eles compram e vendem apenas um papel e ainda cobram uma taxa de administração de você. O trabalho é mínimo e o custo para isso é alto. Exemplo: fundos que investem na Vale ou Petrobrás.

Observação importante: As rentabilidades de um fundo são divulgadas em um relatório chamado lâmina e as taxas de administração e performance (se houver) já estão descontadas na lâmina. O Imposto de Renda não está descontado na rentabilidade.

Abraços

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Poupar, Gastar e Viver

Quando você ouve falar sobre Planejamento Financeiro Pessoal (PFP), qual a primeira coisa que vem à sua cabeça? Se respondeu "cortar gastos" eu gostaria de ampliar sua visão com o texto abaixo.

1 - Pessoa de 30 anos, ganha bem, mora sozinho e se preocupa demais com sua aposentadoria. Guarda 50% do que ganha e quase não sai, tem poucos momentos de lazer, mas tudo bem, quando se aposentar vai aproveitar a vida.

2 - Pessoa de 30 anos, ganha bem, mora sozinho e não se preocupa com seu futuro. Não guarda nenhum centavo de seu salário, mas aproveita a vida como poucos. Tem muitos amigos e conhece lugares novos todos os anos. Quando se aposentar vai contar com a ajuda de amigos e parentes para pagar suas contas.

Na sua opinião, qual dos dois exemplos está certo?

Eu diria que os dois tem pontos positivos e pontos negativos, mas ambos tem uma falha: Desequilíbrio.

Quando fazemos um PFP devemos nos preocupar com tudo, desde separar recursos para investir, pagar as contas básicas e para os momentos de lazer. O segredo para a felicidade é o equilíbrio. Viver o hoje com qualidade e se preocupar sim com o futuro, mas sem exageros para nenhum lado. Não adianta chegar à aposentadoria com muitos recursos se não tiver com quem dividir e aproveitar essa fase, assim como não adianta também chegar à aposentadoria sem recursos e contar com pessoas que podem te ajudar, mas que não tem essa obrigação e podem te deixar a ver navios quando você mais precisar.

Pode parecer um pouco complicado chegar nesse equilíbrio, mas existem alguns passos que você pode seguir:

  1. Ter gastos básicos alguns degraus abaixo de seu salário;
  2. Parte do que sobrar você deve investir para atingir seus objetivos;
  3. Se você seguiu os 2 passos acima ainda terá uma sobra para gastar com coisas que aumentem sua felicidade. Você pode chamar de hobby, de sapatos, de games etc não importa como você chame, o importante é se sentir bem! 

Termino este texto com um fórmula de autoria de meus amigos da FP4Y:

C + V + P = QV (Consumir + Viver + Poupar = Qualidade de Vida)

Pensem nisso.